MÍDIA ALTERNATIVA
(por Diego da Luz, Taiza Bartmann e Uryel Marques)
O século XX foi marcado pelo desenvolvimento das mídias de massa. Entretanto, é possível verificar, no último decênio, uma mudança progressiva em relação ao consumo de mídia. Antes a mídia massiva era considerada a melhor estratégia de comunicação, representando alto impacto. Hoje, tudo tende ao fracionamento do consumo das mídias, num contexto em que o próprio indivíduo (centro desse fenômeno) não quer mais fazer parte da massa, ser reduzido a uma fração de audiência. Estamos em uma situação em que o consumidor é importante, não dá pra trocá-lo por outro, é preciso buscá-lo e fidelizá-lo.
Nesse novo perfil de consumidor que se configura, há a consciência a respeito da publicidade, que não mais assiste a algo tão comum como o intervalo comercial, pois cresceu sendo “bombardeado” por comerciais. Os consumidores de hoje não apenas questionam, como contestam e rejeitam abertamente tudo o que é irrelevante, desnecessário e insultuoso. Segundo Jaffe (2008) o consumidor de hoje é cético, é inteligente, emancipado, está sempre ligado, tem pouco tempo, não é fiel a marcas, é exigente e pode ser vingativo. Então, ficou difícil atrair sua atenção e conquistá-lo.
Além disso, há de se afirmar que, atualmente, nos encontramos diante de uma nova geração, nascida no fim dos anos 90 em diante, que consome mídia de um jeito diferente. Os hábitos de mídia mudaram com a tecnologia e a interatividade das mídias. O consumidor não quer mais ser passivo, ele quer participar, editar, criar e divulgar sua própria mensagem. Exemplos disso não faltam na internet através de blogs, Youtube, Twitter etc. e na TV através dos realities shows, envio de vídeos para programas, participação de quiz de perguntas valendo algum prêmio através do celular etc.
É nesse sentido que entra a mídia alternativa, construída pela demanda de um novo perfil de consumidor e um consumidor jovem, que consome mídia de um jeito diferente. O conceito de mídia alternativa a rigor não existe. Foi criado na segunda metade do século XX para se nomear os canais ou veículos de comunicação não tradicionais, ou seja, canais de divulgação sem conteúdo editorial, apenas com viés comercial. Nessa perspectiva, tudo que não fosse jornal, revista, rádio ou televisão passou a ser denominado de mídia alternativa, conotação que infelizmente tornou-se depreciativa por conta de um consenso (baseado em pesquisas não conclusivas) no sentido de que essas formas de mídia eram apenas complementares. Tinha sentido essa descriminação no contexto de época, já que o marketing recomendava a mídia de massa como a melhor estratégia. As grandes empresas não cogitavam ainda “targets” específicos, o seu público alvo era a massa como um todo e, nessa perspectiva, é claro que nenhuma mídia alternativa cumpria esse objetivo. Contudo, o conceito de comunicação integrada e a expansão do mix do marketing tradicional resgatou o valor da mídia alternativa.
Se prender a atenção da audiência está mais difícil, é importante perguntar onde pousam os olhos do público. Potencialmente, qualquer lugar para o qual olhemos conscientemente por mais de um ou dois segundos é passível de receber uma mensagem publicitária. Pode ser a tela do celular, maçanetas de portas e carros, os botões do elevador, o guardanapo de um restaurante, ou a bolacha do chopp. Além de serem, em geral, mais baratas, as mídias alternativas se destacam por não concorrerem com outros anunciantes, e por conseguirem burlar o filtro de propaganda. A mídia alternativa consiste na utilização de espaços ainda não utilizados pela publicidade e é caracterizada por seu baixo custo assim como pelo impacto do target em momentos de descontração, o que auxilia na absorção da mensagem. Ela consegue se adaptar facilmente a qualquer espaço, por mais impossível que pareça: chão, escadas rolantes, espaços no banheiro e até catracas. A mídia alternativa, além disso, é indefectível no que diz respeito à mobilidade do consumidor, pois não se prende mais às casas com aparelho televisor, aos espaços dos jornais, mas está em todo e qualquer lugar.
Pesquisas revelam que as mídias alternativas já estão entre os cinco melhores métodos de propaganda do Brasil. E de todos os tipos de mídia alternativa, uma que chama a atenção por sua segmentação e possibilidade de se trabalhar a comunicação de forma direta e objetiva é a mídia indoor. Saber onde, quando e com quem se está falando é uma das tarefas mais difíceis da publicidade. A mídia indoor, por sua vez, consegue aliar as principais características das grandes mídias, mas com um diferencial: a comunicação é feita de forma direta e objetiva com o seu consumidor.
Aliando o recall da TV, a intimidade do Rádio, a beleza dos anúncios de jornais e revistas, o impacto do outdoor, a precisão do marketing direto, a mídia alternativa indoor consegue de maneira inovadora, inteligente e altamente eficaz conquistar seu espaço nos melhores planos de mídia. Isso se deve ao fato de o consumidor estar mais passível de receber informação em seus momentos de lazer e a mídia alternativa indoor explora justamente esses minutos de lazer, como bares, boates, restaurantes, academias, etc. Além disso, o nível de dispersão é praticamente zero quando se está em contato com esse tipo de mídia.
Essa nova utilização de espaços apresenta como vantagens a funcionalidade; o custo-benefício; a interação com o público-alvo; a visibilidade; a maior concentração no público-alvo potencial (segmentação), além do fato de seu modo diferenciado ajudar o boca-a-boca. Apesar de ter ganhado amplo espaço ultimamente, ainda é utilizada apenas como teaser e/ou mídia de apoio.
A mídia alternativa não se resume somente à mídia impressa e externa. A utilização em larga escala de aparelhos multifuncionais no mundo abre também um novo espaço para utilização de mídia pela publicidade. Com os novos dispositivos tecnológicos, é possível criar formatos diferenciados através desses novos meios de comunicação. Assim, a evolução tecnológica torna-se um dos principais motores da mídia alternativa no mundo. Para o Brasil, contudo, a realidade não é a mesma: o público que tem acesso a essas novas mídias é limitado: faixa etária dos jovens/adultos, predominantemente das classes AB.
Há ainda a preocupação com a perda de espaço das mídias tradicionais para as novas mídias. A televisão continua sendo uma das mídias mais baratas por ter bastante impacto, contudo tem perdido terreno para as mídias alternativas e novas mídias, por essas últimas apresentarem melhor custo-benefício: alto impacto com baixo custo. O celular, aparelho de que quase todo brasileiro lança mão, constitui uma mídia alternativa interessante, pois é de baixo custo e de grande cobertura.
Para se obter uma comunicação eficiente, portanto, é necessário utilizar-se de mídias alternativas e também de novas mídias. Dadas as suas vantagens, para um melhor impacto e custo-benefício, considerando o público-alvo, as mídias alternativas se fazem importantes em um contexto em que o consumidor quer ser visto como indivíduo e não mais como massa, em que o consumidor contesta e rejeita a publicidade. Além disso, há o perfil da nova geração, que consome as mídias de um modo diferente. O futuro, então, das mídias tradicionais está na integração com as mídias alternativas. A velocidade de informação da nossa sociedade só tende a aumentar e com ela o acesso a essa informação. Assim, nasce também um consumidor mais crítico, mais exigente e à publicidade caberá assumir um novo papel: o de gerar conteúdo.
Referências:
https://www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/242.html
https://portaldacomunicacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=16295
https://casadogalo.com/onde-seus-olhos-pousarem
https://casadogalo.com/o-texto-colaborativo-da-casa-do-galo
https://escrevendopublicidade.blogspot.com/2009/12/tendencia-de-uma-midia-ja-nao-tao.html
https://www.artigonal.com/multimidia-artigos/midias-alternativas-e-a-conquista-da-atencao-a-nova-realidade-das-midias-1453006.html